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Treino intensivo ou contínuo? Nova investigação tem algumas respostas

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Um dos problemas mais proeminentes da sociedade portuguesa são as doenças cardiovasculares, diz José Parraça, professor do Departamento de Desporto e Saúde da UÉ, co-autor do estudo 'Reabilitação Cardíaca: O Impacto do Treino Intervalado de Alta Intensidade Vs. Treino Contínuo Moderado na Fase III' que avaliou o efeito de diferentes programas de Reabilitação Clínica (RC) baseados no exercício físico nas componentes de risco cardiovascular.

Ou seja, os investigadores avaliaram o controlo do perfil lipídico, controlo do perfil glicémico, controlo da pressão arterial, cessação do consumo de tabaco, qualidade de vida relacionada à saúde, ansiedade/depressão, aptidão cardiovascular, composição corporal, força muscular e a redução do comportamento sedentário em pacientes referenciados para a fase III (fase de alta hospitalar e controlo domiciliário) da RC comparando estes resultados com um grupo de controlo (n=10), que realizou as recomendações médicas habituais, que consistem geralmente, na prática desportiva e hábitos de vida saudáveis mas sem monitorização ou controlo.

Analisados os dados dos dois programas os investigadores concluíram que a prática de exercícios intermitentes de alta intensidade (HIIT) apresentam benefícios superiores ao exercício continuo executado em intensidades moderadas (TCM) no que diz respeito a ganhos no pico de VO2, seja na melhoria da composição corporal, no controlo do perfil glicémico, no controlo do perfil lipídico e na força muscular em pessoas cardíacas.

Por sua vez, o grupo de controlo não apresentou melhorias significativas e apresentou ainda maior prevalência de obesidade, sedentarismo e menor qualidade de vida.

"Reabilitação Clínica baseada no exercício está associada a melhorias significativas nas doenças cárdio-vasculares em pacientes após evento ou cirurgia cardíaca, quando comparada com os pacientes sujeitos apenas ao tratamento convencional, e que ambos os programas mostraram ter efeitos benéficos em 6 semanas de treino e que este, mostra-se seguros para estes pacientes”. José Parraça,  professor do Departamento de Desporto e Saúde da UÉ

Entre os benefícios destacam-se, como sublinha o investigador, “uma melhoria no nível de actividade física com maior tempo de prática de exercício físico e, consequentemente, diminuição do sedentarismo”.

De salientar que, com a melhoria no nível de actividade física, “há um melhor desempenho ao exercício o que leva as pessoas a voltem a fazer normalmente as suas rotinas na vida quotidiana sem receios” e essa melhoria de AF traduz-se na “melhoria do consumo de oxigénio, composição corporal e na força muscular”.

A melhoria ou controlo do perfil lipídico, do perfil glicémico e da pressão arterial o que ajuda ainda na cessação do tabagismo levando a um aumento da qualidade de vida e, por consequente, à redução de risco de eventos futuros próximos de diabetes e de doenças cardiovasculares (DCV) são igualmente destacadas neste estudo da autoria de Catarina Gonçalves, Armando Raimundo, Jorge Bravo, José Parraça, (Universidade de Évora) e de Ana Abreu (Hospital do Espírito Santo de Évora).

José Parraça conclui assim que a Reabilitação Clínica baseada no exercício “é um serviço importante na qualidade de vida (QV) dos doentes cardíacos”, e dado o facto que existe uma baixa difusão no território nacional da RC (observando‐se uma distribuição muito assimétrica com ausência total de centros públicos no Alentejo, Ribatejo, Beiras, Minho, Trás-os-Montes e territórios insulares), “é urgente implementar e criar estratégias para que os programas de RC possam chegar a um maior número possível de pessoas cardíacas, e assim ter uma rede de centros públicos de RC com distribuição mais equilibrada no nosso país”.

O Comité Olímpico de Portugal resolveu distinguir este estudo com a atribuição de uma menção honrosa nos Prémios Ciências do Desporto, categoria 'Medicina do Desporto', prémio que o professor da UÉ considerou “de extrema importância pelo prestígio, mas também pela investigação desenvolvida e pela importância que tem para a comunidade alentejana, onde a incidência de problemas cardíacos é bastante elevada.”

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