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'Cidades inteligentes' que se tornaram em 'cidades fantasma' virtuais alguns anos após o seu lançamento

E há um caso em Portugal

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"Cada nova tecnologia traz consigo o seu próprio conjunto de desafios, além das oportunidades que oferece. O planeamento e a gestão de projetos de 'cidades inteligentes' não são diferentes". A afirmação é de Steffan Black, especialista em tecnologia da ZenShield, empresa ligada à navegação on-line e segurança digital. O perito refere-se à realidade de alguns projectos de 'cidades inteligentes' que se tornaram em 'cidades fantasma' virtuais após falharem estrondosamente nos cinco anos seguintes ao seu lançamento. A ZenShield, aprofunda este fenómeno, identificando três das 'cidades inteligentes' que falharam, analisando as possíveis razões do seu declínio.

Songdo, Coreia do Sul

Construída de raiz em 1.500 acres de terra recuperada, Songdo parecia destinada a ser um modelo de destaque para as cidades do futuro. A cidade, equipada com tecnologia de ponta, dispunha de sistemas eficientes de eliminação de resíduos, casas inteligentes e salas de aula conectadas a nível global.

No entanto, vários anos após o seu lançamento, Songdo continua pouco povoada. As razões atribuídas ao seu fracasso são diversas, tais como:

  • Os elevados custos de vida afastam potenciais residentes.
  • A falta de atracções culturais e sociais torna-a pouco atractiva.
  • Uma abordagem de planeamento "de cima para baixo", que ignora a necessidade de um crescimento orgânico que ocorre naturalmente nas cidades.

"Songdo é um exemplo perfeito de pôr a carroça à frente dos bois", aponta Steffan Black. "Os modelos de cidades inteligentes devem satisfazer as necessidades reais dos residentes, em vez de simplesmente integrar tecnologia de ponta", explica.

Cidade de Masdar, Emirados Árabes Unidos

A cidade de Masdar foi concebida como a primeira cidade do mundo neutra em carbono e sem resíduos. Esta cidade planeada perto de Abu Dhabi continua a ser, em grande parte, uma 'cidade fantasma' digital, com apenas uma fracção da população prometida.

As razões incluem:

  • Atrasos na construção que provocam um interesse vacilante por parte dos investidores.
  • Os elevados custos de vida e de aluguer comercial dissuadem potenciais residentes e empresas.
  • Falta de praticidade, com características planeadas que parecem mais uma montra de conceitos futuristas do que uma resposta às necessidades reais de habitabilidade.

Steffan Black comenta: "As cidades inteligentes, como a cidade de Masdar, não devem ser simplesmente projectos de feiras de ciências. Devem ser práticas, acessíveis e viáveis tanto para empresas como para residentes". Garante que, se estas cidades não conseguirem adaptar-se às pessoas comuns, correm o risco de se tornarem montras isoladas de tecnologia avançada.

PlanIT Valley, Portugal

Prometia uma grande visão: uma cidade inovadora que combina tecnologia avançada e sustentabilidade em Portugal. No entanto, mesmo após vários anos, o PlanIT Valley continua em grande parte por desenvolver.

PlanIT Valley quer ser a montra do urbanismo sustentável

a As revistas internacionais chamam-lhe cidade do futuro. Mas o que os promotores do PlanIT Valley, um projecto anunciado para Paredes, estão a tentar fazer é construir de raiz uma cidade para 225 mil pessoas com uma pegada ecológica próxima do zero

Os factores de estagnação parecem ser:

  • Financiamento insuficiente; os potenciais investidores foram assustados pela crise económica.
  • O planeamento fragmentado e a ausência de cronogramas de progresso concretos prejudicam a credibilidade.
Os projectos de cidades inteligentes são investimentos significativos. Requerem um planeamento sólido, expectativas realistas e um apoio financeiro robusto. Estas cidades não são apenas sobre tecnologia, mas também sobre pessoas, economia e sustentabilidade.   Steffan Black, especialista em tecnologia da ZenShield,  

"Como se demonstra, projectos urbanos ambiciosos impulsionados pela tecnologia podem falhar sem a devida previsão, planeamento e trabalho preliminar adequados. Os decisores políticos, os promotores urbanos e as empresas de tecnologia devem aprender com estes erros. O fio condutor nestes fracassos é colocar as pessoas - as suas necessidades, as suas capacidades financeiras, o seu ambiente cultural - no centro do planeamento, e não a tecnologia. Equiparar cidades inteligentes a uma abundância de tecnologia é uma ideia mal interpretada", diz.

As cidades inteligentes procuram melhorar a vida dos cidadãos, tornando os serviços mais eficientes, os ambientes mais sustentáveis e as infra-estruturas mais resilientes.     Steffan Black, especialista em tecnologia da ZenShield,    

Esta lição ressoa com o último conselho de Black: "Uma cidade inteligente bem-sucedida é aquela que começa com os cidadãos e termina com eles. É sobre eles. Sempre deveria ser".