A música ajuda a elevar o espírito, conheça cinco histórias
A D7, com a ajuda da aluna Ilaria Catania, falou com cinco pessoas na Madeira, de idades e ocupações distintas, sobre como a música influencia as nossas vidas
A música influencia as nossas vidas? Este foi o ponto de partida para a conversa com cinco pessoas - enfermeira, comerciante, aluno, professor e atleta - questionando que tipo de música que ouvem no dia a dia, quando, onde, como e os motivos pelos quais as melodias representam um papel importante nas suas vidas, afinal, iguais a de tantos nós.
Um trabalho em tempos atípicos de pandamia que a D7 apresenta, com a ajuda da aluna Ilaria Catania, estudante da International Sharing School, no Funchal.
Léna Freitas, aluna
Aos 16 anos, Léna Freitas é, tal como qualquer jovem da sua idade, uma apaixonada pela música. Seja a estudar, em festas ou para se concentrar, a música é uma fiel aliada nos momentos decisivos.
A aluna valoriza a música como sendo uma parte indissociável da sua existência. “Sem música não sou nada”, diz a estudante da International Sharing School.
Também aficionada pela dança, confessa que não ouve um só estilo de música, muito pelo contrário. Na banda sonora da sua vida entram sonoridades pop, músicas espanholas, funk e muito mais.
Em 24 horas, há vezes em que a música preenche mais do que 2 horas no seu dia, durante as quais consegue concentrar-se a estudar para testes, trabalhos de casa ou simplesmente para ler um livro.
Não fosse a covid-19, a Léna Freitas e muitos outros jovens como ela poderiam continuar a ouvir música em festas e celebrações como no passado recente, afinal era aí uma das ocasiões onde conseguia ouvir mais canções.
O volume é tudo para Léna Freitas: usando a sua coluna e o seu computador cria no seu quarto quase um estúdio.
Esta estudante do 10.º ano considera-se uma pessoa de sorte. Numa das suas disciplinas favoritas, a sua professora gosta de pôr música a tocar durante a aula para ajudar a criar um ambiente propício à criatividade. Léna Freitas aproveita a música e consegue concentrar-se no seu trabalho, sentindo-se inspirada no que faz.
Como podemos concluir, Léna Freitas é uma aluna empenhada, que gosta de se entreter com música o mais possível, sabendo que consegue restabelecer a ligação que tem com a cultura.
Ricardo Sousa, enfermeiro
Profissional de saúde, Ricardo Sousa usa a música como entretenimento, transportando-o para fora dos seus pensamentos do dia-a-dia. Desta maneira, consegue relaxar e viajar através das notas. Mesmo que queira “viajar nos sentimentos”, infelizmente não consegue ouvir sempre música.
Como diz o enfermeiro responsável pelo Hospital Particular, “a música é uma forma de expressão, de exprimir e controlar os nossos sentimentos.”
Para relaxar, explica que não ouve qualquer tipo de música. Opta por música descontraída que permite que os seus pensamentos fluam.
Desempenhando uma profissão que hoje é ainda mais exigente, Ricardo Sousa admite que a música ajuda-o a aliviar a carga das suas responsabilidades, sobretudo no carro, ao entrar e sair do trabalho.
Adianta que usa o carro muitas poucas vezes, mas também no conforto da casa consegue escutar melodias e descansar depois de um dia de trabalho.
Encontra no rádio e telemóvel dois companheiros que o ajudam a se ‘encontrar’, quando não quer perturbar ninguém, aliás, não dispensa os seus auscultadores e assim consegue abstrair-se do exterior.
Ricardo Sousa garante que, apesar da sua paixão pela música, não se deixa ‘tentar’. E explica que no trabalho não ouve música porque isso o iria distrair. E se há algo que um enfermeiro precisa de ter é muita concentração.
Para finalizar, Ricardo Sousa mostra-nos outro lado da música, além do aspecto relaxante: pode ser uma óptima maneira de criar um novo mundo para os nossos pensamentos e sentimentos. E isso significa ter saúde.
Daiane Ferreira, golfista
Daiane Ferreira, golfista do Santo da Serra, conta que no seu desporto a concentração é muito importante e uma grande parte dos seus bons resultados. Mas, a concentração cansa não só mentalmente mas também fisicamente, por isso costuma usar a música para relaxar. Ao contrário de algumas pessoas, Daiane consegue fazer tudo com música: “Enquanto faço trabalhos de casa, enquanto treino ou até mesmo quando ando sozinha na rua, mas também por exemplo quando estou a arrumar.”
É de carro que vai para o golfe, escola e regressa a casa, então passando tanto tempo em deslocações ouve música ali também, por que ela acredita que as sonoridades durante uma viagem comprida ou curta criam um clima bom e saudável.
Tipos de harmonias, sonoridades, músicas, Daiane ouve-as todas excepto, música brasileira pois não corresponde ao seu prazer pessoal. Mas admite que não ouve todas estas melodias ao mesmo tempo, pois consome “rock, metal, ou até mesmo música melancólica” quando está triste ou zangada, e pop, funk e outras no seu dia a dia. Nas festas, Daiane Ferreira adapta-se à música que está a dar, mesmo que seja brasileira.
“Música é arte”, diz a aluna da Francisco Franco. As harmonias são umas componentes importantes no seu dia a dia. As sonoridades conseguem influenciá-la mentalmente e fisicamente.
A música é uma “fonte de abrigo” para Daiane Ferreira, deixa-a concentrar, passar tempo e entre muitas outras coisas. Ela ouve música praticamente todos os dias, por todo o lado. É muito importante todos os dias porque é uma das coisas que a faz sentir especial. Daiane é uma rapariga educada e não quer perturbar ninguém, por essa razão ouve as melodias nos seus AirPods, mas admite: “Se tenho oportunidade de ouvir em alto som, oiço”. No golfe, é normal ouvir música e Daiane aproveita para a ouvir. Durante o treino diz que as sonoridades á ajudam a concentrar e é uma forma de controlo psicológico que ela tem.
Concluindo, Daiane Ferreira mostra-nos que o desporto está ligado à música, não só mentalmente, mas também fisicamente.
Liliana Sousa, professora de Matemática
“A música faz parte de mim”. As palavras, notáveis, são de Liliana Sousa. Professora de corpo e alma, desde sempre as melodias fizeram parte da sua vida. Quando era pequena e tocava piano. Quando estava no ballet. Habituou-se a ouvir, ver, sentir música e incorporar no seu dia a dia.
Hoje, a professora da International Sharing School diz que nunca se aborrece da música, no caso ela ouve quando acorda, a conduzir, para se concentrar, e para se libertar dos pensamentos. Muitas das pessoas com quem conversámos anteriormente alegavam que não conseguiam usar música para se concentrar e relaxar, mas Liliana Sousa consegue.
Na escola, também tenta transmitir a sua paixão pela música aos seus alunos.
Com um passado como bailarina, a música é um todo e não tem preferências entre uma ou outra. Na sala de aula deixa os seus alunos escolherem, sendo que não tem um tipo favorito.
Hoje em dia, com telemóveis, computadores e aplicações, qualquer um consegue levar a música por todo o lado. Liliana Sousa usa o telemóvel fora do local de trabalho e o computador quando está a trabalhar na escola, universidade, ou até na explicação.
Não há uma hora específica durante o dia em que ouve música ou horas específicas porque cada dia é diferente e pode acontecer ter mais ou menos trabalho do que um outro dia.
Onde pode se ouvir música? “Onde? Em qualquer sítio”, diz Liliana Sousa. Graças ao mundo em que vivemos, e às tecnologias, podemos aproveitar e trazer as nossas melodias favoritas no carro, na escola, em casa.
Há muitos alunos que não conseguem concentrar-se na escola por falta de atenção ou hiperactividade, algo muito comum em crianças. Por estas razões, a professora Liliana Sousa acha oportuno meter música a tocar, fazendo com que as harmonias naveguem pelas cabeças dos alunos, ajudando-os no processo de aprendizagem.
João Jesus, empresário do ramo da restauração e animação
“A minha vida é música”, começa por explicar João Jesus. O Mexicano é um restaurante/bar também conhecido pela sua música ao vivo. Além disso, quando chegou à Madeira era DJ, razão pela qual está assim tão ligado à música.
O trabalho ocupa a maior parte do seu dia, mas no carro e em casa continua a ouvir música. O que é interessante é que as canções que passam no restaurante não são a música que costuma ouvir. Como o nome do restaurante nos orienta, as melodias são latinas. No entanto, em casa ouve sinfonias, música clássica, melodias “mais calmas”. No carro ouve outro tipo, obras portuguesas: “Tenho CDs de música portuguesa”. Admite que gosta de música portuguesa tradicional do tipo de Mário Mata.
João Jesus observa que a música obrigatoriamente tem a ver com a pessoa que a ouve. E menciona que a razão pela qual as pessoas não ouvem sempre a mesma música é por que as emoções mudam de um dia para o outro. “Ouvir música é no momento", expõe.
João Jesus é um tradicionalista e prefere música da sua época: “Duran Duran, AC DC" mas ficou habituado a ouvir as melodias latinas que passa no seu restaurante.
No Mexicano ouve música mais ou menos 12 horas por dia, mas não acaba a jornada sem adormecer ao som de alguma sinfonia na rádio.
É mais fácil ouvir música no carro, no caso de João Jesus, também ao vivo no restaurante e até na rádio. Mas não pára de ir a concertos com as suas filhas. Muitas vezes vai a concertos com a sua filha de 24 anos porque ela gosta de sair e ouvir música e vê-la. Agora já não vão a concertos porque ela vive em Portugal continental e estamos em época de pandemia. Mas quando a filha era mais pequena, João Jesus trazia-a aos concertos que queria ver.
Este ano, por causa dos acontecimentos da COVID-19, não foi a concertos. Costumava ir ao Pavilhão da Expo para ouvir música ao vivo.
E espera que estes tempos difíceis passem para que a música volte às vidas de todos.
Ou seja...
Em conclusão, cada um tem o seu próprio ritmo e música. É isto que se depreende das cinco conversas registadas. É a música que também nos ajuda nos sentimentos e nos princípios da ética social. O valor da música depois reflecte-se em como nós valorizamos as nossas emoções. Nestes tempos tão difíceis podemos apoiar-nos nas melodias e libertar os pensamentos. Por isso é que a música ajuda. E isto é especial.