Renault passa de prejuízo a lucro de 888 milhões de euros em 2021
A Renault anunciou um lucro de 888 milhões de euros em 2021, após ter registado um prejuízo de mais de 8.000 milhões de euros no ano, devido nomeadamente à pandemia de covid-19.
No entanto, o fabricante de automóveis francês refere ainda em comunicado que o resultado líquido foi afetado pelo impacto do aumento dos preços das matérias-primas e o deficiente abastecimento de semicondutores que o penalizou.
Esclarece também que os lucros no ano passado se devem ao contributo dos seus parceiros de negócio, mas igualmente uma "notável melhoria operacional", facto que a empresa atribui à sua nova estratégia.
O grupo automóvel realçou ainda que ultrapassou os objetivos financeiros a que se tinha proposto para 2021, apesar do impacto negativo da subida do preço das matérias-primas e da escassez de semicondutores, os quais disse vão que continuar a penalizar a empresa este ano.
Na realidade, estima que a falta de semicondutores a impedirá de fabricar 300.000 veículos, sobretudo no primeiro semestre deste ano, depois dos 500.000 que não pôde fabricar no ano passado.
No ano passado, os parceiros da Renault contribuíram com um total de 515 milhões de euros para a demonstração de resultados, dos quais a Nissan com 380 milhões de euros.
O resultado operacional da Renault foi de 1.398 milhões de euros em 2021, contra 1.999 milhões de euros negativos no ano anterior.
Paralelamente, a margem operacional passou de 337 milhões de euros negativos em 2020 para 1.663 milhões positivos um ano depois.
O volume de negócios do grupo Renault aumentou 6,3% para 46.213 milhões de euros, embora tenha sido inferior em 16,8% ao contabilizado em 2019, antes da crise pandémica.
Este aumento da faturação foi alcançado apesar da venda de automóveis ter caído 4,5% no ano passado, face a 2020, com 2.696.401 veículos, o que se explica, em parte, pela nova estratégia da empresa em dar prioridade "ao valor e não ao volume" de veículos vendidos.
No fundo, a Renault reduziu os descontos que faz aos seus clientes e está a dar prioridade às vendas a particulares, já que estas são mais rentáveis que os outros canais de distribuição, nomeadamente as vendas a empresas de aluguer.
Globalmente, o efeito positivo do aumento de preços foi de 5,7%, o que permitiu compensar a diminuição do volume de viaturas vendidas.
Isso traduziu-se na melhoria da rentabilidade, já que a margem operacional, que era negativa em relação às receitas, subiu para 3,6%, embora ainda longe dos 4,8% atingidos em 2019.
Para este ano, um dos principais objetivos financeiros da Renault é o de elevar a margem operacional para um patamar de pelo menos 4%, bem como ter um fluxo de caixa operacional na atividade automóvel igual ou superior a 1.000 milhões de euros.
Por último, o conselho de administração decidiu que este ano não serão pagos dividendos intercalares relativos a 2021 por se considerar que é demasiado cedo e que a prioridade continua a ser a reposição da situação, tal como tinha sido definido no plano estratégico da Renault.