Segundo relata o Museu Etnográfico da Madeira, a tradição do 'Dia de Pão por Deus' está ligada ao culto dos mortos, sobrevivência de antigas práticas rituais, ligadas a este culto. As comemorações do dia dos finados comporta, além das cerimónias fúnebres, celebrações alimentares próprias desta quadra, representada sobretudo pelo pão e frutos secos, especialmente a castanha.

O MEM recorda que "antigamente, os pobres, que representavam os defuntos, pediam de porta em porta o 'Pão por Deus', que consistia em oferendas de pão e fruta da época. Algumas pessoas também abriam as portas e ofereciam o que estava posto na sua mesa. Acreditava-se que, nesse dia, as almas dos mortos andavam pelo mundo, simbolizando a oferta do 'Pão por Deus' a esmola que se dava, por intenção dos defuntos, ou uma dádiva feita às próprias almas."

Mais tarde, nas últimas décadas, esta tradição ainda se mantém, mas em moldes diferentes. As crianças saiam à rua, com um saco de pano com ornamentações alusivas à efeméride, vão pelas casas pedir o 'Pão por Deus', recitando versos e recebem, como oferendas, broas, bolos, guloseimas e frutos secos. Hoje em dia, porém, a tradição já não é o que era e muitas famílias perderam a tradição, mas o MEM quer continuar a divulgá-la.

Assim, inserido no projecto 'O Museu vai à Rua', que visa promover a relação museu/escola/comunidade e dar a conhecer de forma participativa o património etnográfico regional, através de actividades que visam dar a conhecer o museu, os Serviços Educativos do Museu Etnográfico da Madeira, deslocar-se-ão à escola EB1/PE da Calheta, amanhã, pelas 10h30 e proporcionarão uma partilha de saberes, com as crianças do pré-escolar (sala dos 5 anos), sobre a temática do 'Pão por Deus'. Será dinamizada uma atividade de pintura dos tradicionais saquinhos de pano, com motivos alusivos ao tema, aplicando a técnica de stencil.