O nome foi escolhido a dedo, os padrinhos também e mesmo depois de 26 anos Lourenço continua a sentir-se “um bocadinho especial” por ter sido o primeiro bebé a nascer a bordo do helicóptero da Força Aérea Portuguesa que fazia viagem entre o Porto Santo e a Madeira. Uma notícia que foi capa do DIÁRIO de 20 de Janeiro de 1995 e que, passados 26 anos, após uma memória publicada no dnoticias.pt na rubrica ‘Canal Memória’, permitiu-nos conhecer o Lourenço que acabou por ir para Londres à procura de novas oportunidades.
O jovem tem apenas uma mágoa: o facto de a mãe já ter falecido e não poder partilhar este momento com ele passados todos estes anos.
Ficaram as memórias de uma mãe dedicada e ‘original’, depois de lhe ter atribuído o nome por ter nascido quando a aeronave sobrevoava a Ponta de São Lourenço.
Maria Isilda Melim chegava mesmo a brincar com a situação e a afirmar que o filho tinha sido muito apressado. “A minha mãe dizia que eu era cabeça no ar por ter nascido no helicóptero e é assim que me lembro dela”, contou.
Lourenço admitiu ao DIÁRIO que quando era criança sentia-se confuso por “fazerem um alarido” enquanto tinha nascido num avião, mas não nega que com o passar do tempo o sentimento mudou e o orgulho veio ao de cima quando, com apenas 10 anos, deu algumas entrevistas com a autorização da mãe.
A verdade é que mesmo depois de ter abandonado a ilha do Porto Santo continua a ser o famoso bebé que nasceu num Puma da FAP.
Agora trabalha num ginásio, em Londres, mas não esquece os tempos difíceis quando, com 17 anos, decidiu abandonar a ‘ilha dourada’ em busca de novas oportunidades. Foi para Fátima viver com a irmã até completar 18 anos e, há cerca de um ano, mudou-se para a capital do Reino Unido.
Ao Porto Santo promete voltar de férias e, quem sabe, para “gozar a reforma”. Ou então para conhecer o comandante do helicóptero ou a mulher que ajudou no parto que na altura se terão oferecido para ser os seus padrinhos de baptismo.
Por motivos que desconhece, isso nunca chegou a acontecer, mas Lourenço diz ter uma grande admiração pela madrinha que tem, Vanda Vasconcelos Melim, e pelo padrinho João Drumond que, entretanto, faleceu.
“Lembro-me da minha mãe ter falado, salvo erro, no comandante Valente e de uma mulher que também ajudou no parto e estava a bordo mas nunca tive contacto com eles. Até cheguei a ir com ela à Força Aérea Portuguesa porque gostava de os conhecer, mas nunca me deram muitas informações”, referiu, admitindo que se hoje encontrasse o comandante do Puma agradecia-lhe e com certeza iriam rir juntos ao recordar toda esta história.